eu não posso ser descronicamente online, e agora?

dia 43 de dezembro de 2024

fuso horário é uma coisa interessante né.

enquanto vocês estão em 2025, eu ainda estou aqui, presa na minha crise de final de ano.

um dos muitos presentes que eu recebi nesse 2024 foi a comunidade do substack, plataforma que hospeda a “era uma vez um pato" (bem-vindos <3)

e, por essas bandas, a tendência do verão não poderia ser diferente:
houve o despertar sobre os malefícios das redes sociais e grande parte da galera esta fazendo detox das redes em um efeito manada bastante incrível.

mas, quem me conhece sabe o quanto o meu relacionamento com redes sociais é íntimo.

desde muito nova eu fui diagnosticada como cronicamente online e isso definiu uma trajetória significativa da minha carreira no marketing, como profissional de social media (e na minha vida pessoal, como a adolescente que só sabia fazer amizades pela internet)

o medo de ser percebida / o desejo de ser compreendida

e, até hoje, estar antenada em tendencias digitais ainda é uma parte bem importante meu trabalho.

foi recente a descoberta de que uma das minhas qualidades enquanto profissional era, por um outro lado, um vício.

e o maior indicativo disso foi no início do ano passado, quando eu decidi fazer um detox de 45 dias de zero contato com redes sociais e voltei ainda mais viciada e com um tempo de tela mais assustador que antes.

isso me esclareceu de que eu não poderia mais culpar o trabalho e dei de cara com a crise: eu não posso ser descronicamente online, e agora?

bom, uma das minhas metas pro ano novo — e eu não vejo a hora de entrar em 2025 também — foi a de fazer um uso consciente das redes.

felizmente, durante muitos altos e baixos desse 2024, eu testei estratégias de diminuição de tempo de tela e entre erros e acertos, cheguei a 3 alternativas bem honestas pra minha realidade.

e que podem te ajudar também se você estiver em uma situação parecida:

1) aprendi a navegar em um mar sem iscas

eu parei de buscar referências de trabalho nas minhas contas pessoais, que tem o algoritmo extremamente treinado para colocar um conteúdo de Taylor Swift no meio do caminho e fisgar horas do meu dia a qualquer momento.

ao invés disso, eu comecei a usar contas profissionais e treinei o algoritmo delas pra me entregar conteúdos relacionados ao que preciso para o trabalho. o que, inclusive, melhorou meu arsenal de referências, ja que fez com que eu saísse da minha bolha.

o que não significa que eu parei de consumir conteúdos por entretenimento, eu só faço isso de forma um pouco mais consciente agora.

então sim, as vezes eu entro no meu Instagram só para pesquisar “lyrics taylor swift" ou “edits arcane" e passo uma hora inteira me deliciando com isso. e tá tudo bem porque eu escolhi dedicar aquela hora pra isso mesmo.

“eu sou uma pessoa ou eu sou apenas um monte de letras da Taylor Swift coladas uma na outra"

2) deixo minha vida mais difícil

eu simplesmente restringi o X e o TikTok para o uso no desktop, ou seja, exclui os aplicativos do meu celular.

sempre que eu preciso ou quero alguma coisa dessas redes sociais eu preciso usar o notebook e isso diminuiu bastante o uso inconsciente delas.

além disso, eu tirei todos os aplicativos da tela inicial e agora para acessar qualquer app, eu preciso escolher e buscar por ele na barra de pesquisa.

para o Instagram, eu defini um lembrete de “App Limits", que você encontra nos ajustes próprio iPhone.

essa configuração me avisa assim que eu atinjo 1h30 de uso do app naquele dia. como é a rede social mais importante para o meu trabalho hoje, eu só gosto de saber e gerenciar essa informação durante o dia. ainda não é o ideal, mas é como eu tenho tentado equilibrar as coisas por aqui.

“viemos te avisar que você está caindo em ciclos viciosos de auto-destruição”

3) se precisar de mim, não precise

todas as minhas redes sociais são bloqueadas de segunda a sexta, das 20:00 às 09:00 e sábados e domingos das 22:00 às 08:00. pra isso, eu uso um aplicativo chamado Opal*

eu já testei vários tipos de bloqueio durante o dia, mas dividir por horário foi o que deu mais deu certo pra mim.

a maioria das vezes em que eu quero entrar no Instagram a noite, eu sei que não é pra nada muito importante. e também sei dos perigos de ser fisgada por um reels e perder meu sono em qualidade e quantidade.

no Opal, tem níveis de dificuldade que além de bloquearem as redes sociais faz com que desbloquear seja uma experiência estressante. e esses segundos de raiva são perfeitos para eu considerar se aquele uso é realmente necessário.

o melhor disso é que eu gosto bastante de ler a noite e eu gosto mesmo. esse não é nenhum papo de produtividade que as vezes vem embrulhado em discursos de incentivo a leitura. ler é uma coisa que genuinamente me faz bem. as vezes, eu também dedico esse período da noite para escrever no meu diário ou fazer colagens

enfim, ter minha noite livre me possibilita fazer coisas do meu mundinho que eu não poderia cultivar se estivesse presa na frente de uma tela nesse horário.

“não se incomode comigo, estou apenas cultivando uma vida cheia de coisinhas que eu amo porque eu mereço alegria"

*o aplicativo Opal custa R$ 10 ao mês, mas clicando no link abaixo e utilizando o meu código de amiga "EZFMR" você recebe um mês gratuito para testar

obs: eu não ganho nada com isso, mas eu vi que era uma função aqui no app e decidi compartilhar com você porque somos amigos :)

https://applink.opal.so/invite-friend?rc=EZFMR&rNme=elementalita&rId=yfG4RdHzjsXoBf2JmP260uwb2Np2 

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“galera, eu menti. na verdade eu ligo para o que as pessoas pensam sobre mim”

antes de ir, eu gostaria de agradecer de novo - eu não sei se um dia eu vou me acostumar com pessoas lendo as coisas que eu escrevo - mas tivemos um boom no último texto e já estamos com 150 inscritos aqui na newsletter <3<3<3 uau <3

// sim, vocês me descobriram, eu sou do tipo que agradece inscritos e de fato quero ser lida. mais do que isso: eu quero vocês gostem do que eu escrevi. eu entendo quem não quer essa pressão dos números e eu também queria não querer, mas eu não posso dizer que não quero, quando na verdade eu quero sim. então fico feliz que tenha gente lendo, legal, isso é legal da sua parte.

devo admitir que esse tanto de gente me deixou um pouco nervosa inicialmente, afinal, as coisas por aqui não são muito padronizadas.

as vezes você vai receber um e-mail cheio de memes sobre ser cronicamente online ou um e-mail todo ilustrado falando sobre minha relação com os meus diários físicos.

a única constante que eu posso te oferecer como leitor é de que todos esses textos são, de alguma forma, partes de mim.

e bem, você pode acabar com a minha angústia agora e me contar o que achou da edição.

amou? odiou? me conta vai

beijoss